13 de dez. de 2014

Se apaixonar é morrer em paz.

Dizem que a paixão acaba depois de um tempo
Mas eu sei bem que paixão vem de pathos
Como patologia que desvia nossa norma comum

Que nos altera à consciência da realidade
Nos tornando alienados e diagnosticamente
Doentes perante os normais

E também sei que não tenho mais jeito.
Uma vez destruído do que acreditei em minha verdade - e sobrevivi
Nunca mais ponho minha convicção no fogo

De fato, do árabe hatu, que compreende origem duvidosa
O fogo não tem razão a não ser seu ato pulsante
Rasgando as normas neuróticas de existir - no discurso que lhe chama de louco.

E assim sendo ato e não coisa
Me apaixonei por ela

Perturbada, traumática e doente
Apaixonada por mim vomitando seu desejo patológico

Já ha quase dois anos me projetando sua doença em forma de carinho
Ela não tem mais jeito de se curar
Este amor doente nos gruda como vicio

Sofro a dependência de uma eterna passagem incurável
Que não nos conta a vida em linha de bodas
Gira a ampulheta pra manter os grãos no centro

Destrói tudo que temos para depois criar
Como a natureza de um caos infernal
Que me abraça querendo me matar

Sentindo a morte em seus quadris
A fodendo como a última trepada
A morte de uma namorada me come sorrindo

 E na mente um mantra:
"se apaixonar, é morrer em paz"