João Goma, ou Ganso
como lhe chamavam, estava na cama com uma mulher pela primeira vez.
De fato esta mulher não
era uma, ou mais uma, era Marta.
Ganso sempre amou
Marta. Ele via ela sair do corredor do colégio com um sorriso leve de olhar ao encontro das árvores. Mal sabia ele que era o passarinho
que Marta olhava, mas Ganso foi admirando aquela mulher com carinho.
Ele não procurou nada
sobre Marta, se achava um intrometido ao menor saber controlado que
tinha de sua amada. Para ele, Marta era tão doce como o caminhar da
vida, que precisa aparecer nos detalhes. E foi depois de muito tempo
que finalmente ele teve uma oportunidade.
Naquela viagem de
turma, não sei porque cargas d´aguas o colocou ali, ao lado dela,
em um evento qualquer de música alta. E os dois não estavam
gostando. A turma estava, e logo se encarregaram de os deixar
sozinhos, pois eles eram os chatos. Dois tontos, desgostosos com o
entorno continuavam ali, para não fazer desfeita.
Quase não trocaram
palavras.
Mas o que era carga
pulou, e Ganso quando viu, havia tomado a mão de Marta e saído
intrépido em meio as falanges dos tristes para um local com menos
distúrbio. O tolo deixou pequenas e inúmeras ansiedades para
enfrentar por inteiro a sua gigante e pertinente perturbação, o
sábio.
E eis que agora estão
na cama e ele falha. Depois de tudo, de tantas provas de que ele
próprio não era para Marta: um canalha, um usurpador, um patife.
Logo agora que o mesmo Agora foi descartado pelo momento de ser o Sempre.
Mas Marta desta vez era
quem alimentava a chama tola da ampulheta. Aquela que perde o poder
de ver a areia passar em virtude de manter os grãos no centro, no
eterno girar do momento duradouro. E foi por isto que Marta o abraçou
ainda mais, movendo assim seu encontro e sua satisfação para nada
mais, que não seja seu..
o prazer.