24 de set. de 2012

Os imbecis

Os vermes de André:

Quem são aqueles que acreditam na felicidade e por meio dela constroem uma apologia à vida? Os imbecis! "Não há coisa mais importante do que a felicidade na vida", dizem eles. Essa irritante frase e sua lógica semântica, autoriza-me a fazer uma analogia: se para um animal comer carniça é a coisa mais importante, concluo que sua vida nada mais é do que uma busca constante por carniça. Então, ao tomar a frase dos imbecis como verdadeira, é verdade lógica que a vida nada mais seja do que uma incessante busca pela felicidade.

Contudo, parece-me estranho que, para alcançá-la, passemos a maior parte do tempo em sofrimento. Não vou citar exemplos que justifiquem essa afirmação, vou direto à frase dita pelos tolos que faz da minha afirmação uma verdade. Dizem os imbecis: “quanto mais difícil, melhor! Não haveria razão para eles dizerem essa frase se a minha afirmação não fosse verdade (se bem que estamos falando de imbecis). Não nos desviemos do assunto. Eu não estou, neste momento, querendo provar que estou certo, quero provar que a frase “quanto mais difícil, melhor!” é tão tola quanto quem a enunciou, pois nela há uma contradição que oculta a verdadeira proposição que é: ‘a proporção entre sofrimento e felicidade na vida é desigual, sendo que a parcela maior é a do sofrimento’.

Eu não acredito na felicidade. Eu acredito no efeito do dorflex e no gosto da coca-cola que não me tornam uma pessoa feliz, mas amenizam o meu sofrimento. O sofrimento muda a perspectiva das coisas, dessa forma, a vida passa a ser uma busca pelo não sofrimento uma vez que, ao observar as pessoas, temos a impressão de que elas passam a maior parte do tempo em sofrimento do que sendo felizes. A vida não é motivada pela felicidade, e sim pelo sofrimento, inclusive, os discursos a respeito dela, visto que as frases "não há coisa mais importante do que a felicidade na vida" e “quanto mais difícil, melhor”, são antes de tudo mobilizadas pelo sofrimento de quem enuncia, fazendo dele um imbecil (e a frase também), quando por ela se estabelece, como primeira, a associação entre a felicidade e a vida.

Sei que este é um espaço em que você pode manifestar sua opinião sobre o que foi escrito. Não o faça, não quero saber se você concorda com o que foi dito, ou se discorda (se discorda você provavelmente é o imbecil do qual estou falando). Vá opinar sobre os textos de quem usa a língua para criar discursos que cantam à vida. Este não é um texto de vida, é um texto de morte. Não crie um discurso sobre ele; ele deve morrer, assim como eu, assim como você.

18 de set. de 2012

Sobre quem me acompanha..

Acordei às três da manhã. Venci meu pesadelo.

Este tipo de sonho me aconteceu uma só vez. Me encontrava na casa entre amigos e o céu caiu. Fechou-se os tempos e o momento do juízo se abriu. Antes eu estava na rua e vi passar um enorme Dragão Vermelho sobre minha cabeça, em direção ao confronto a vir. Logo depois um Unicórnio, este, se mantinha parado a me avistar. Mas me impediu de seguir.

Estamos conversando sobre nossa postura de enfrentamento à guerra lá fora. Uma reunião considerada importante. E claro que alguém veio bater à porta. Tenho medo mas não há como impedir que a abra. Antes disto, a pessoa que mais confio no circulo, ou melhor, a pessoa que mais amei, me sobrepuja por trás. Eis meu inimigo!

E sei que aquele Dragão Vermelho sou eu renascido. Como devo estar quando o acontecimento chegar. Sei que nada fora a divindade é guardado no fim, e que nada será lembrado se não for como lembramos os sonhos.

E hoje eu fui para o sonho. Eu lembro que estamos em três. Um amigo e uma mulher. Paramos em uma casa e estou a procura de uma viagem. O amigo sei bem quem é, mas não lembro quem era esta mulher. Talvez o nome dela foste este para meu sonho: mulher.

Estamos entre o que se perde e o que se ganha. Mas tenho um contato para criar corda à aventura. Ou assim pensei, a ligação exige grande dispêndio. As pessoas do lado de lá (um grupo, mas quem me fala é outra mulher) parecem não definir bem seu destino. Em tempo, ou no fim do tempo (assim desconfio) nos aparece o estranho. Ele conhece a mulher e sua proposta é boa. Agora todos querem aproveitar A viagem desde cedo. "Estamos aqui afinal" diz o homem estranho e sei bem que ele não está mentindo.

Prevendo o que viria a ser, tento contato com o grupo anterior - pois quando há caminho, não é que seja destino -. Talvez o desvio me salve do caminho. Mas quando volto à casa eles já estão na cama. Dormem e dizem para mim (mesmo dormindo) que ficarão e que ainda querem ver o que é de natureza adentrar a sala. Meu amigo lança de um suspiro quase que melancólico e abraça a mulher com ternura, sentindo-se perfeito. O estranho apenas dorme na cabeceira da cama.

A casa realmente está transformada, abrimos a casa para: plantas, gatos, insetos. Não estou confortável. Tento passar por estes gatos mas eles me atrapalham. Eles realmente me atrapalham! Isto não está certo... acerto um chute violento em um deles até tentar acessar minha cama - que se encontra à frente da imensa cama de casal onde dormem os outros.

Notando minha inquietude e resistência em relação ao entorno, a mulher me diz para que eu me resignasse às coisas que estão ali e dá a entender, que seriam naturais. Nisto aparece um ser desta natureza muito perto de mim. Este ser me é pesado, ele mesmo é de um vulto denso! Ela me diz que o acolha mas eu me afasto e ele me vem novamente. Eu o espero chegar, acredito na mulher por breve instante, mas não! Isto não é da selva! Isto não é do verso!

E penso que a vida é assim, que nos fazem aceitar monstros, e nos fazem creer que somos monstros na busca de uma aceitação desta entidade boa e bonita. Na capa da noite, eu fui avisado e auxiliado em força por entidades que nada representam esta natureza. E não vou deixar, que proposta de quem amamos venha para nos dizer que somos menos do que um verso. Estes encontros nos fazem perder poder e vida!

Grato aos que me acompanham, canto:

Me apodero em direção à vida
Afastando o vampiro
Venço meu pesadelo
Eis-me agora
O Dragão Vermelho
Em um dia negro
Venceremos!