30 de ago. de 2011

O tenro e o terno.

Quando se descobre a lama ridícula que nos rege como norma é de se rasgar tudo. Cuspimos naquilo que tem como asco a própria saliva e saímos do laço. Não importa se temos amarras, se somos amarras ou se temos partido. Pois desta vez não devemos o lar; nós queremos o túmulo.

Pois é assim com quem se morre. Dificil é escolher viver depois de morto e há quem tenta se matar. Eu entendo a frustração, a decepção e a raiva de estar sendo enganado mas não dá pra cair no abismo traumatizado ou com esperanças de um sonho melhor. Não é assim para quem quer morrer.

Um paradoxo não é para quedas de doutrina declarada, o paradoxo é um ideal. Sei que não tem abraço mais terno do que o abraço da morte. E não tem vida mais tenra do que a vida de um homem. Somos facilmente partidos. Mas para se estar confortável com o abismo é preciso escolher partejar.

Partimos mesmo antes de estarmos mortos, é bom lembrar. Aposto que aquela mulher, aquele trabalho, aquele par te fez perecer. Mas nossa vida é tão traumática que não queremos nascer de novo. E se acreditamos em outra vida (póstuma ou passada) é também para não aceitarmos o morrer.

Abaixo da terra os mortos brotam flores;
mas ainda não te vi florescer.

23 de ago. de 2011